A presença das mulheres na arbitragem do futebol tem ganhado cada vez mais espaço e reconhecimento. O que antes parecia uma realidade distante hoje se transforma em uma história de superação, resistência e conquistas importantes.
Por muito tempo, a presença feminina na arbitragem de futebol era uma exceção. No início, era praticamente improvável ver uma mulher apitando uma partida. O preconceito, a desconfiança e a falta de oportunidades eram barreiras constantes. Além disso, as mulheres precisaram provar, dentro e fora de campo, que também tinham competência para comandar um jogo.
No Brasil, até a década de 1980, não era comum encontrar árbitras em campo, principalmente em partidas de grande visibilidade. No entanto, um marco importante ocorreu em 1967, quando Léa Campos se tornou a primeira mulher a atuar como árbitra em uma partida profissional masculina no país. Ela foi pioneira tanto na arbitragem do futebol feminino quanto no masculino, abrindo caminho para outras mulheres na profissão.

O que muitos não sabem é que os desafios enfrentados por essas profissionais vão muito além das quatro linhas. Entre eles, estão os preconceitos por parte de torcedores, técnicos e jogadores, que frequentemente direcionam comentários machistas, ofensas e questionamentos sobre a capacidade técnica das árbitras.
Apesar das dificuldades, os últimos anos trouxeram conquistas importantes. Um dos momentos mais marcantes foi a atuação da brasileira Edina Alves Batista na Copa do Mundo Feminina de 2019, na França. Edina foi elogiada por sua competência e, em 2021, fez história ao se tornar a primeira mulher a apitar um jogo profissional masculino da Série A do Campeonato Brasileiro.

Outro nome de destaque é o de Neuza Back, assistente que participou de grandes competições internacionais, incluindo a Copa do Mundo Masculina de 2022, no Catar. Sua presença no maior palco do futebol mundial representou um marco na trajetória da arbitragem feminina.

Além delas, Fernanda Colombo também teve um papel importante na história da arbitragem feminina no Brasil. Atuando como assistente em jogos de grande visibilidade, ela enfrentou o preconceito e chamou atenção pela sua atuação técnica. Mesmo tendo encerrado sua carreira nos gramados, Fernanda segue contribuindo para o debate sobre o papel da mulher no futebol, utilizando suas redes sociais e participações na mídia para incentivar outras mulheres a seguirem esse caminho.

No cenário internacional, Stéphanie Frappart, da França, também fez história ao se tornar a primeira mulher a apitar partidas da Liga dos Campeões da UEFA e da Copa do Mundo Masculina. Sua trajetória tem servido de inspiração para árbitras do mundo todo, mostrando que o espaço feminino na arbitragem de alto nível é uma realidade em crescimento.

Mesmo com os avanços, os números ainda mostram que há um longo caminho a ser percorrido. Em competições masculinas, a presença feminina nas equipes de arbitragem continua sendo minoria. No entanto, as vitórias já conquistadas indicam que essa realidade está em transformação.
A cada partida apitada, cada bandeira levantada e cada decisão tomada, as mulheres da arbitragem seguem construindo uma nova história no futebol. Uma história de resistência, competência e conquista.