Apesar dos obstáculos, as mulheres sempre estiveram presentes no futebol e ajudaram a construir sua própria história no esporte.
Visto por muitos como um esporte masculino, o futebol foi, por décadas, marcado por preconceitos e barreiras sociais que impediam a participação das mulheres. No entanto, desde o início do século XX, diversas atletas corajosas romperam essas barreiras e começaram a escrever uma história de resistência e paixão pelo esporte. Elas foram as primeiras mulheres a jogar futebol profissionalmente, tanto no Brasil quanto em outros países, e seu legado permanece vivo ao abrir portas para as gerações futuras.
As primeiras jogadoras no mundo
Na Europa, o futebol feminino começou a ganhar força ainda no início dos anos 1920, com times organizados principalmente na Inglaterra e na França. O Dick, Kerr Ladies FC, fundado em 1917 na Inglaterra, foi uma das primeiras equipes femininas de futebol a se destacar, realizando partidas com grande público e até turnês internacionais. Essas jogadoras, muitas vezes provenientes de fábricas e comunidades operárias, mostraram que o futebol feminino podia conquistar espaço, mesmo em um contexto de forte resistência cultural.

No entanto, essa expansão não ocorreu sem dificuldades. Em 1921, a Federação Inglesa de Futebol (FA) proibiu as partidas femininas nos estádios oficiais, alegando que o futebol não era apropriado para mulheres. Essa decisão atrasou o desenvolvimento do futebol feminino por décadas, mas não apagou o brilho das pioneiras.
O futebol feminino no Brasil
No Brasil, o cenário foi ainda mais desafiador. Durante boa parte do século XX, o futebol feminino foi proibido oficialmente entre 1941 e 1979, pelo Decreto-Lei nº 3.199, que justificava a medida com alegações de “problemas de ordem médica” e de que o futebol seria “um esporte inadequado” para mulheres.
Mesmo diante dessa proibição, muitas mulheres jogavam futebol informalmente, nas ruas, escolas e comunidades, alimentando o sonho da profissionalização.
Uma das figuras mais importantes desse processo foi Marta Vieira da Silva, conhecida mundialmente apenas como Marta. Nascida em Dois Riachos, Alagoas, Marta iniciou sua carreira em condições precárias, enfrentando preconceitos, falta de infraestrutura e pouca visibilidade. Sua dedicação e talento a transformaram na maior jogadora de futebol feminino da história, sendo eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo pela FIFA e inspirando milhares de meninas a seguir no esporte.

Impactos para as gerações futuras
O esforço dessas primeiras jogadoras ajudou a derrubar preconceitos e a conquistar avanços importantes para o futebol feminino. A partir dos anos 1980, o Brasil começou a organizar competições oficiais e a incluir o futebol feminino em programas esportivos escolares e profissionais.
Hoje, o futebol feminino é um fenômeno global, com ligas profissionais, estádios cheios e transmissão televisiva em diversas partes do mundo. As histórias de Marta, Formiga, Connie, Bessie e Élise mostram que o caminho até aqui foi feito de resistência e persistência.