Mais do que vestir um time, as mulheres vestem uma história de resistência. A camisa, agora pensada para elas, se torna expressão de identidade e empoderamento.
No futebol, vestir a camisa não é só uma questão de uniforme. É um símbolo de identidade, pertencimento e orgulho. Para as mulheres, essa peça vai além da estética ou da tradição. Durante décadas, a camisa foi também um campo de disputa, um reflexo da exclusão e, mais recentemente, um instrumento de empoderamento.
Por muito tempo, as jogadoras precisaram atuar com uniformes improvisados, criados para corpos masculinos e adaptados às pressas. As atletas trajavam camisas largas, desconfortáveis e sem caimento adequado. Em outros casos, os uniformes femininos eram desenhados com cortes exageradamente ajustados, reforçando a ideia de que a aparência importava mais que a performance.
Essas escolhas de design revelavam muito mais do que falta de planejamento. Mostravam como o futebol feminino era encarado como um produto estético, e não esportivo. Ao invés de oferecer estrutura e conforto, muitas marcas apostavam em uma estética voltada ao visual masculino, desvalorizando a atuação das atletas.
Nos últimos anos, esse cenário começou a mudar. Clubes e fornecedoras de material esportivo passaram a incluir as jogadoras nos processos de criação. As modelagens agora respeitam os corpos femininos e priorizam o desempenho em campo. Um dos marcos dessa virada foi o uniforme da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2019. Pela primeira vez, a camisa foi feita com modelagem pensada exclusivamente para mulheres, aliando desempenho e representatividade.

Times como Corinthians, Ferroviária, Palmeiras e Internacional também vêm lançando uniformes exclusivos para suas equipes femininas. As campanhas de divulgação têm apostado em mensagens de força, diversidade e orgulho. A camisa, que antes excluía, hoje começa a incluir. E mais do que isso: representa.
Essa transformação também se reflete fora de campo. Para muitas torcedoras, vestir a camisa de um time é um ato político. É reivindicar o direito de torcer, de ocupar os estádios e de ser respeitada como parte ativa da cultura esportiva. Durante anos, mulheres com camisas de futebol foram julgadas, testadas ou desacreditadas. Hoje, aos poucos, essas barreiras estão sendo derrubadas.