Arquibancada Também É Lugar de Mulher

Elas não estão apenas torcendo. Estão ocupando, organizando e transformando as arquibancadas em espaços mais diversos, políticos e representativos.

 

As arquibancadas dos estádios brasileiros sempre foram espaços de paixão intensa. Entretanto, historicamente, também foram ambientes marcados pela predominância masculina. A presença feminina nas torcidas organizadas, embora antiga, enfrentou diversas barreiras ao longo dos anos. Hoje, esse cenário começa a mudar: as mulheres não apenas ocupam os estádios, mas também assumem papéis de liderança, resistência e protagonismo.

Durante muito tempo, a figura da torcedora esteve atrelada a estereótipos. Muitas mulheres eram vistas como acompanhantes de familiares, namorados ou maridos. Quando demonstravam conhecimento sobre futebol ou participavam ativamente das torcidas, eram frequentemente descredibilizadas. Além disso, não foram poucos os casos de assédio, violência verbal e exclusão vividos por torcedoras nos estádios e nas sedes das organizadas.

Vale destacar que há um movimento crescente de mulheres que resistem e transformam esses espaços. Em diversos estados, surgem coletivos femininos dentro das torcidas organizadas, que buscam garantir não apenas segurança e respeito, mas também visibilidade e poder de decisão. Esses grupos atuam tanto nas arquibancadas quanto fora delas, promovendo debates, campanhas contra o assédio, ações sociais e participação direta nas decisões das torcidas.

Em muitos clubes, mulheres já ocupam funções estratégicas dentro das organizadas, como liderança de bateria, organização de caravanas, confecção de bandeiras e comunicação com a diretoria. Mesmo enfrentando resistência, elas mostram diariamente que torcer, vibrar, comandar e opinar não têm gênero.

A produção de conteúdo por torcedoras também tem ganhado força nas redes sociais e em blogs independentes. Por meio desses canais, elas denunciam casos de machismo, cobram ações dos clubes e dão visibilidade a outras mulheres no universo futebolístico. Dessa forma, ajudam a desconstruir a ideia de que o futebol é um ambiente naturalmente masculino.

Estudos acadêmicos e dados recentes indicam que o número de mulheres nas torcidas organizadas tem crescido, mesmo diante dos riscos. Questões como segurança nos estádios, combate a atitudes machistas e políticas de acolhimento continuam sendo urgentes. O desafio não está apenas em abrir espaço, mas em garantir que esse espaço seja seguro, respeitoso e permanente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *